terça-feira, 20 de novembro de 2007

Agrada ver uma pessoa assobiando. Parece que se trata do tipo de gente calma que não quer com isso agredir a aungústia de ninguém. Não canta, assovia... pois a voz tem tom e timbre peculiar que pode não agradar quem ouve. Da mesma forma que o canto, aje o risada e da mesma forma que o assobio aje o sorriso.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Chega de qualquer nota
quero o som de fato
de um sentimento
que não traga o risco latente
de a qualquer momento
submergir em espasmos
de seu avesso.

Quero a clareza e a paz
desde que o preço não esteja alienado
e não me alio àquele que só quer para si

Reconquisto a integridade
que me permitiu ser amado
pois por amor entreguei o rastro
de um passado de areia
entre os atos de meus dedos

Não quero palavras bonitas
mas atos sublimes em silêncio
Esforço, desejo e comiseração

E vou conquistar tudo o que quero

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Diário de uma separação, é assim que devemos entender esses pensamentos, imagino que o leitor imaginário já percebeu isso. Trata-se de apontamentos sobre o que sinto desde o dia em que a separação se consubstanciou na "traição" de minha ex-mulher, as aspas é por que já estavamos separados, a traição é porque ela deveria me amar até o final, e não fugir do sentimento de perda do amor, mas agarrar-se a ele seja para superá-lo ou para resgatá-lo. Como ela já perdeu um irmão... e nunca encontrou um pai, busca essa lacuna freudiana antes mesmo de olhar para o outro com o qual se relaciona (mas às favas com análises).
Essa separação promove no entanto uma viagem de 7 dias que farei por solo estrangeiro, a queal explica o título e a proposta deste blog. Este diário nada mais é do um esquenta, uma apresentação do estado de quem enfrentará este "desafio", as aspas é porque nada apresenta de desafiador uma viagem de 7 dias sozinho, o desafio é que depois de nove anos com uma pessoa a solidão (para aqueles que se permitem sentir, ou que não tem medo de sentir) é o dolorosa latente e temida, mas que precisa ser vencida, para que se consiga estar consigo mesmo novamente, como nestes esparços momentos em que escrevo, roubando alguns minutos no trabalho.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Sabe porque dizem que a maioria dos criminosos presos se dizem incoentes? Porque eles realmente acreditam em sua inocencia, o peso da culpa é muito mais difícil e tão simples a capacidade de se enganar e se iludir com uma verdade mais conveniente que o absolva de seus atos. O orgulho é o vilão deste processo, pois assumir o erro para alguns é tarefa herculea mas que curiosamente para eles só os fracos conseguem executar.
Olhar criticamente para si sim é tarefa herculea, pois muitas vezes o que vemos sob os músculos, a carne e os ossos é a alma, que nada tem a ver com o que idealizamos dela. Olhar para trás sobre os próprios ombros é diferente de olhar para frente sobre ombros de outrem, principalmente quando estamos ajudando-o a afogar-se na lama até os dentes.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A vida tem umas coisas muito curiosas, umas coincidências bizarras, como esta que vou contar dentro do tema aqui recorrente.
Tivemos uma passagem por Itu, cidade vizinha da capital paulista, e onde uma casa com terreno grande nos permitiu adotar um pastor alemão displásico e com aparentes traumas emocionais, desconfiado e arredio por demais com a espécie humana.
Aos poucos minha ex-mulher foi quebrando as barreiras entre o cachorro e a nossa casa num condomínio fechado onde transitavam ele e sua companheira livremente e que, pela relação entre os dois e honesto carinho dele para com ela - chagava a pegar comida com a boca e levar para ela, que permanecia protegida na distância prøxima ao lago - foram apelidados de Romeu e Julieta, versão canina meio que abandonada e desprotegida dos suicidas aristocratas de Veneza.
Eles conseguiram a simpatia de todos e triste foi o dia que Julieta, tomada por uma bicheira enorme, espécie de tuberculose da vida boêmia e desregrada da liberdade animal, teve de se entocar numa casinha de cachorro do vizinho, que mandou-a para São Paulo para ser tratada por um veterinário que acabou adontando-a, com nome e tudo.
O solitário Romeu agora estava mais do que nunca perto de casa e minha ex-mulher continuava colocando comida para ele, cada vez mais próxima da casa e dela, que ia aproximando-se com perseverança até conseguir tirar a grossa coleira de couro que o apertava e deflagrava o prendedor de ferro arrebentado como se resquício de um fugitivo.
Provavelmente fugiram, ele e Julieta, de tanto apanher e serem mal tratados.
Mas agora era tudo passado, foi muito bem tratado pela familia, apesar de algumas brigar com o Truko, o meu jovem Golden Ritriever, comida farta, carinho, cuidados médicos, inicialme a domicilio e depois junto com o Truko no veterinário. O mesmo veterinário com quem falei hoje pelo telefone durante uma hora.
Quando resolvemos sair de Itu, tivemos de deixar os dois cachorros grandes no terreno gramado da fábrica de um amigo nosso, como os dois começaram a brigar muito e seriamente, peguei o Truko e levei para a fazenda de minha tia, onde seria adotado pelo caseiro, e o Romeu ficou reinando na fábrica, muito bem tratado por todos e pelo mesmo veterinário de sempre.
Mas infelizmente - e ai que reside a bizarra coincidência - tive de autorizar hoje a eutanasia do pobre Romeu, depois de duas semanas em que, conforme me relatou o veterinario, foi tentado de tudo para minimizar os danos de uma displasia severa e irrecuperável, que vinha gerando dor, feridas pelo corpo, devido a imobilidade, e falta de esperança em reaver a qualidade de vida perdida.
Demos um bálsamo de prazer para um animal tão machucado por dentro e por fora, que hoje se foi com algumas lágrimas minhas avolumadas pela minha amargura existencial que venho cultivando.
Por que coincidência?
Porque o período coincide perfeitamente. Ao mesmo tempo em que o Romeu padecia, meu amor tornava-se ódio, o que era vida tornava-se morte, tanto no pobre Romeu - símbolo de uma passagem importante - como no meu, sentimento transformado em
dor, dor que tomo a decisão todo dia de não deixar mais doer, como tomei a decisãode tirar sua dor do cachorro.
Morre Romeu como "mato" minha Julieta. "Mato" Romeu assim como morre meu sentimento por aquela que cuidou muito bem dele - do cachorro, não do sentimento. E a vida continua... Senti muita pena em não poder me despedir. Se o céu for aberto aos animais como a Arca foi, que Romeu encontre um pouco de paz e seja acarinhado calmamente pelos anjos.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Um dia a dor cansa de doer
a raiva cansa de raivar
e a gente volta a viver,
sorrir e quem sabe amar

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A saudade é um sentimento estranho, ela vem e fere um pouquinho, devagarinho e vai, depois quando volta, volta no mesmo lugar e fere na mesma ferida e sente como se já existisse na mesma intensidade de antes, como sempre e nunca deixa de vir, visitar e ferir. A sensação que deixa, a coseira que fica presente, latente, é como melancolia e assim a dor da saudade nos embrutece aos poucos, levemente e lentamente.
Isso desde que matemos a saudade periódicamente, caso não a matemos (por fraqueza ou por destino) ela cresse tanto que nos consome e a coseirinha se torna uma lepra. Por isso vou sempre matar a saudade das e nas pessoas que amo, mas a saudade imposta coça como um comichão, minha mão, minha mente e minha mandídula.